segunda-feira, 31 de maio de 2010

Coluna do Mafú: A Doença de Alzheimer, leia com atenção.


“ESPELHO, ESPELHO MEU, JÁ NÃO SEI MAIS QUEM SOU EU!” Se a vida negar a memória é hora de falar em ALZHEIMER.
Ficamos muito felizes quando ouvimos falar que a expectativa de vida aumentou, nos dá a impressão que estamos vivendo mais e melhor.

O aumento da renda, o melhor acesso aos serviços de saúde, o aumento da escolaridade, a queda da mortalidade infantil e outros indicadores nos apontam um caminho de desenvolvimento. Apontam também uma inversão na nossa pirâmide social. Já não somos mais um país de jovens, o Brasil está envelhecendo e este fenômeno trás no bojo suas implicações como as doenças prevalentes da idade mais avançada. Será que nossa Saúde Pública está preparada para isto? Temos profissionais suficientes, qualificados e preparados para essa fase da vida? É por isso que a temática que vou abordar hoje é uma Doença que aumenta na mesma proporção em que nossa população envelhece - A Doença de Alzheimer.

A Doença de Alzheimer (DA) foi descrita pela primeira vez em 1907 por Alois Alzheimer. Em um segundo trabalho sobre um paciente no Hospital Psiquiátrico de Munique, na Alemanha, ele registrou: O paciente apresentava há 6 meses: prejuízo de memória, dificuldade em encontrar o caminho pra casa sendo incapaz de realizar tarefas simples.

“Movimenta-se pouco e parece não se importar com comida, mas come com grande apetite quando a refeição é colocada em sua frente. Incapaz de fazer compras e até mesmo de fazer sua higiene...”.

A DA é uma doença degenerativa, progressiva que compromete o cérebro causando: diminuição da memória, dificuldade no raciocínio e pensamento e alterações comportamentais. È pouco conhecida em nosso meio e tem efeito devastador sobre a família e o doente.

Conhecida erroneamente como “esclerose”, a DA pode manifestar-se já a partir dos 40 anos de idade, sendo que a partir dos 60 sua incidência se intensifica. A partir dos 65 anos, de 10 a 15% dessa população é afetada e aos 85 anos, 40% dos indivíduos apresentam a doença. É devido à importância dessa epidemiologia que devemos dar atenção a DA. No Brasil, estima-se que a DA atinja aproximadamente 1 milhão e 200 mil pessoas. Considerando que a média da família brasileira é de 3 a 4 pessoas, um universo assustador de 4 milhões de brasileiros são afetados direta ou indiretamente por ela. Como a expectativa de vida do brasileiro subiu para 71,9 anos em 2005, temos de estar atentos aos sinais e sintomas e aprender um pouco mais sobre essa doença que tem no avanço da idade sua principal prevalência.

Didaticamente, a DA é dividida em 4 fases, a saber:

FASE INICIAL: É a fase mais crítica devido à negação ou ignorância da família que justifica os lapsos de memória como “normal para a idade”. Dessa forma, protelam a consulta médica e o diagnóstico vem tardiamente, prejudicando o tratamento.

O primeiro sintoma relevante é a perda de memória a curto prazo (dificuldade em lembrar fatos aprendidos recentemente) e lembranças constantes do passado; o paciente perde a capacidade de dar atenção a algo. Iniciam os episódios de desorientação no tempo e espaço, é comum não lembrarem o dia de hoje e se desorientarem em lugares desconhecidos. Como essas alterações não se repetem com freqüência preocupante, são entendidos como fato natural, em virtude do avanço da idade, nervosismo e outras desculpas relacionadas com o cotidiano. A depressão ocorre devido à consciência das suas dificuldades e é o que leva os familiares a procurarem ajuda médica na maioria das vezes.

FASE INTERMEDIÁRIA: Acentua-se o quadro de demência com comprometimento severo da memória, mudança comportamental com explosões de raiva, queixa de roubo de objetos, alucinação, emagrecimento. A pessoa não reconhece mais os familiares e nem a si mesmo em frente ao espelho. Aparecem à perda da expressão da fala e instalam-se as dificuldades motoras (andar) e as quedas com fraturas são as principais causas de complicações nesta fase.

FASE AVANÇADA: A dependência é total, com a imobilidade crescente o paciente tende a ficar no leito ou na poltrona, enrijece os membros e assume a posição fetal. As úlceras de pressão (escaras) aparecem principalmente nas proeminências ósseas como calcâneo e região sacra. O emagrecimento se acentua devido à dificuldade de deglutição que pode exigir a alimentação por sonda, acentua-se também, a incontinência urinária, fecal, as infecções respiratórias e urinárias. Acaba a comunicação com o mutismo, a capacidade de sorrir e aparecem as convulsões.

FASE TERMINAL: As complicações se intensificam levando o paciente a óbito.

Ainda não existe cura para a DA, porém, quanto mais precocemente diagnosticada e tratada, mais tardiamente aparecem as complicações, melhorando a qualidade de vida do paciente.

A Gerontologia (ciência que estuda o envelhecimento) e a Geriatria (especialidade médica que cuida dessa fase da vida) e vários centros de pesquisa no mundo todo não tem medido esforços para curar ou atenuar os efeitos danosos dessa doença.

No Brasil temos a ABRAZ (Associação Brasileira de Alzheimer) com vários grupos de orientação para dar apoio e suporte aos familiares e cuidadores, além do pessoal técnico, para enfrentarem juntos esta difícil fase da vida.

Temos 3 sub-regionais no Vale do Paraíba, em São José dos Campos, Taubaté e Lorena. Em Lorena, a FATEA abriu as portas e abraçou essa causa em nossa cidade através das professoras do Curso de Graduação em Enfermagem e da nossa coordenadora Laura Cecília Luz Mathias. As reuniões acontecem toda primeira quinta-feira de cada mês na sala de reuniões da FATEA. A Câmara Municipal de Lorena também está abraçando essa luta, abrindo nosso plenário para a conferência em comemoração a semana do idoso (que não foi possível realizar em setembro) e no dia 27 de outubro, às 19 horas, estaremos participando desse encontro cujo tema é: O IMPACTO DA DOENÇA DE ALZHEIMER NA VIDA DE QUEM CUIDA com o conferencista e geriatra Dr. Maurício Mazur Lopes.

Convidamos todos os profissionais de saúde e a população em geral para esse importante evento, afinal, temos de estar preparados para essa nova etapa da vida.

Referências: Harman D. A hypothesis on the pathogenesis of Alzheimer's disease. Ann NY 1996;786:152-68

Kachaturian ZS. Diagnosis of Alzheimer's disease. Arch Neurol 1985;42:1097-105.

Sites: http://www.abraz.com.br/ http://www.alzheimermed.com.br/

Beijão no coração e até.

Um comentário:

  1. Obrigado por ajudar a divulgar esta doença tão ingrata e que causa tanta dor aos familiares. Valeu amigo!

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